quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Orwell estava certo. Huxley, também

by Chris Hedges



As duas grandiosas visões sobre uma futura distopia foram as de George Orwell em 1984 e de Aldous Huxley em Brave New World. O debate entre aqueles que assistiram nossa decadência em direção ao totalitarismo corporativo era sobre quem, afinal, estava certo. Seria, como Orwell escreveu, dominado pela vigilância repressiva e pelo estado de segurança que usaria formas cruas e violentas de controle? Ou seria, como Huxley anteviu, um futuro em que abraçariamos nossa opressão embalados pelo entretenimento e pelo espetáculo, cativados pela tecnologia e seduzidos pelo consumismo desenfreado? No fim, Orwell e Huxley estavam ambos certos. Huxley viu o primeiro estágio de nossa escravidão. Orwell anteviu o segundo.
Temos sido gradualmente desempoderados por um estado corporativo que, como Huxley anteviu, nos seduziu e manipulou através da gratificação dos sentidos, dos bens de produção em massa, do crédito sem limite, do teatro político e do divertimento. Enquanto estávamos entretidos, as leis que uma vez mantiveram o poder corporativo predatório em cheque foram desmanteladas, as que um dia nos protegeram foram reescritas  e nós fomos empobrecidos. Agora que o crédito está acabando, os bons empregos para a classe trabalhadora se foram para sempre e os bens produzidos em massa se tornaram inacessíveis, nos sentimos transportados do Brave New World para 1984. O estado, atulhado em déficits maciços, em guerras sem fim e em golpes corporativos, caminha em direção à falência.
[...]
Orwell nos alertou sobre um mundo em que os livros eram banidos. Huxley nos alertou sobre um mundo em que ninguém queria ler livros. Orwell nos alertou sobre um estado de guerra e medo permanentes. Huxley nos alertou sobre uma cultura de prazeres do corpo. Orwell nos alertou sobre um estado em que toda conversa e pensamento eram monitorados e no qual a dissidência era punida brutalmente. Huxley nos alertou sobre um estado no qual a população, preocupada com trivialidades e fofocas, não se importava mais com a verdade e a informação. Orwell nos viu amedrontados até a submissão. Mas Huxley, estamos descobrindo, era meramente o prelúdio de Orwell. Huxley entendeu o processo pelo qual seríamos cúmplices de nossa própria escravidão. Orwell entendeu a escravidão. Agora que o golpe corporativo foi dado, estamos nus e indefesos. Estamos começando a entender, como Karl Marx sabia, que o capitalismo sem limites e desregulamentado é uma força bruta e revolucionária que explora os seres humanos e o mundo natural até a exaustão e o colapso.
“O partido busca todo o poder pelo poder”, Orwell escreveu em 1984. “Não estamos interessados no bem dos outros; estamos interessados somente no poder. Não queremos riqueza ou luxo, vida longa ou felicidade; apenas poder, poder puro. O que poder puro significa você ainda vai entender. Nós somos diferentes das oligarquias do passado, já que sabemos o que estamos fazendo. Todos os outros, mesmo os que se pareciam conosco, eram covardes e hipócritas. Os nazistas alemães e os comunistas russos chegaram perto pelos seus métodos, mas eles nunca tiveram a coragem de reconhecer seus próprios motivos. Eles fizeram de conta, ou talvez tenham acreditado, que tomaram o poder sem querer e por um tempo limitado, e que logo adiante havia um paraíso em que os seres humanos seriam livres e iguais. Não somos assim. Sabemos que ninguém toma o poder com a intenção de entregá-lo. Poder não é um meio; é um fim. Ninguém promove uma ditadura com o objetivo de assegurar a revolução; se faz a revolução para assegurar a ditadura. O objeto da perseguição é perseguir. O objeto de torturar é a tortura. O objeto do poder é o poder”.
O filósofo político Sheldon Wolin usa o termo “totalitarismo invertido” no livro “Democracia Ltda.” para descrever nosso sistema político. É um termo que não faria sentido para Huxley. No totalitarismo invertido, as sofisticadas tecnologias de controle corporativo, intimidação e manipulação de massas, que superam em muito as empregadas por estados totalitários prévios, são eficazmente mascaradas pelo brilho, barulho e abundância da sociedade de consumo. Participação política e liberdades civis são gradualmente solapadas. O estado corporativo, escondido sob a fumaça da indústria de relações públicas, da indústria do entretenimento e do materialismo da sociedade de consumo, nos devora de dentro para fora. Não deve nada a nós ou à Nação. Faz a festa em nossa carcaça.
O estado corporativo não encontra a sua expressão em um líder demagogo ou carismático. É definido pelo anonimato e pela ausência de rosto de uma corporação. As corporações, que contratam porta-vozes atraentes como Barack Obama, controlam o uso da ciência, da tecnologia, da educação e dos meios de comunicação de massa. Elas controlam as mensagens do cinema e da televisão. E, como no Brave New World, elas usam as ferramentas da comunicação para aumentar a tirania. Nosso sistema de comunicação de massas, como Wolin escreveu, “bloqueia, elimina o que quer que proponha qualificação, ambiguidade ou diálogo, qualquer coisa que esfraqueça ou complique a força holística de sua criação, a sua completa capacidade de influenciar”.
O resultado é um sistema monocromático de informação. Cortejadores das celebridades, mascarados de jornalistas, experts e especialistas, identificam nossos problemas e pacientemente explicam seus parâmetros. Todos os que argumentam fora dos parâmetros são desprezados como chatos irrelevantes, extremistas ou membros da extrema esquerda. Críticos sociais prescientes, como Ralph Nader e Noam Chomsky, são banidos. Opiniões aceitáveis cabem, mas apenas de A a B. A cultura, sob a tutela dos cortesãos corporativos, se torna, como Huxley notou, um mundo de conformismo festivo, de otimismo sem fim e fatal.
Nós nos ocupamos comprando produtos que prometem mudar nossas vidas, tornar-nos mais bonitos, confiantes e bem sucedidos — enquanto perdemos direitos, dinheiro e influência. Todas as mensagens que recebemos pelos meios de comunicação , seja no noticiário noturno ou nos programas como “Oprah”, nos prometem um amanhã mais feliz e brilhante. E isso, como Wolin apontou, é “a mesma ideologia que convida os executivos de corporações a exagerar lucros e esconder prejuízos, sempre com um rosto feliz”. Estamos hipnotizados, Wolin escreve, “pelo contínuo avanço tecnológico” que encoraja “fantasias elaboradas de poder individual, juventude eterna, beleza através de cirurgia, ações medidas em nanosegundos: uma cultura dos sonhos, de cada vez maior controle e possibilidade, cujos integrantes estão sujeitos à fantasia porque a grande maioria tem imaginação, mas pouco conhecimento científico”.
Nossa base manufatureira foi desmantelada. Especuladores e golpistas atacaram o Tesouro dos Estados Unidos e roubaram bilhões de pequenos acionistas que tinham poupado para a aposentadoria ou o estudo. As liberdades civis, inclusive o habeas corpus e a proteção contra a escuta telefônica sem mandado, foram enfraquecidas. Serviços básicos, inclusive de educação pública e saúde, foram entregues a corporações para explorar em busca do lucro. As poucas vozes dissidentes, que se recusam a se engajar no papo feliz das corporações, são desprezadas como freaks.
[...]
A fachada está desabando. Quanto mais gente se der conta de que fomos usados e roubados, mais rapidamente nos moveremos do Brave New World de Huxley para o 1984 de Orwell. O público, a certa altura, terá de enfrentar algumas verdades doloridas. Os empregos com bons salários não vão voltar. Os maiores déficits da história humana significam que estamos presos num sistema escravocrata de dívida que será usado pelo estado corporativo para erradicar os últimos vestígios de proteção social dos cidadãos, inclusive a Previdência Social.
O estado passou de uma democracia capitalista para o neo-feudalismo. E quando essas verdades se tornarem aparentes, a raiva vai substituir o conformismo feliz imposto pelas corporações. O vazio de nossos bolsões pós-industriais, onde 40 milhões de norte-americanos vivem em estado de pobreza e dezenas de milhões na categoria chamada “perto da pobreza”, junto com a falta de crédito para salvar as famílias do despejo, das hipotecas e da falência por causa dos gastos médicos, significam que o totalitarismo invertido não vai mais funcionar.
Nós crescentemente vivemos na Oceania de Orwell, não mais no Estado Mundial de Huxley. Osama bin Laden faz o papel de Emmanuel Goldstein em 1984. Goldstein, na novela, é a face pública do terror. Suas maquinações diabólicas e seus atos de violência clandestina dominam o noticiário noturno. A imagem de Goldstein aparece diariamente nas telas de TV da Oceania como parte do ritual diário da nação, os “Dois Minutos de Ódio”. E, sem a intervenção do estado, Goldstein, assim como bin Laden, vai te matar. Todos os excessos são justificáveis na luta titânica contra o diabo personificado.
A tortura psicológica do cabo Bradley Manning — que está preso há sete meses sem condenação por qualquer crime — espelha o dissidente Winston Smith de 1984. Manning é um “detido de segurança máxima” na cadeia da base dos Fuzileiros Navais de Quantico, na Virginia. Eles passa 23 das 24 horas do dia sozinho. Não pode se exercitar. Não pode usar travesseiro ou roupa de cama. Médicos do Exército enchem Manning de antidepressivos. As formas cruas de tortura da Gestapo foram substituídas pelas técnicas refinadas de Orwell, desenvolvidas por psicólogos do governo, para tornar dissidentes como Manning em vegetais. Quebramos almas e corpos. É mais eficaz. Agora todos podemos ir ao temido quarto 101 de Orwell para nos tornarmos obedientes e mansos.
Essas “medidas administrativas especiais” são regularmente impostas em nossos dissidentes, inclusive em Syed Fahad Hasmi, que ficou preso sob condições similares durante três anos antes do julgamento. As técnicas feriram psicologicamente milhares de detidos em nossas cadeias secretas em todo o mundo. Elas são o exemplo da forma de controle em nossas prisões de segurança máxima, onde o estado corporativo promove a guerra contra nossa sub-classe política – os afro-americanos. É o presságio da mudança de Huxley para Orwell.
“Nunca mais você será capaz de ter um sentimento humano”, o torturador de Winston Smith diz a ele em1984.”Tudo estará morto dentro de você. Nunca mais você será capaz de amar, de ter amigos, do prazer de viver, do riso, da curiosidade, da coragem ou integridade. Você será raso. Vamos te apertar até esvaziá-lo e vamos encher você de nós”.
O laço está apertando. A era do divertimento está sendo substituída pela era da repressão. Dezenas de milhões de cidadãos tiveram seus dados de e-mail e de telefone entregues ao governo. Somos a cidadania mais monitorada e espionada da história humana. Muitos de nós temos nossa rotina diária registrada por câmeras de segurança. Nossos hábitos ficam gravados na internet. Nossas fichas são geradas eletronicamente.  Nossos corpos são revistados em aeroportos e filmados por scanners. Anúncios públicos, selos de inspeção e posters no transporte público constantemente pedem que relatemos atividade suspeita. O inimigo está em toda parte.
Aqueles que não cumprem com os ditames da guerra contra o terror, uma guerra que, como Orwell notou, não tem fim, são silenciados brutalmente. Medidas draconianas de segurança foram usadas contra protestos no G-20 em Pittsburgh e Toronto de forma desproporcional às manifestações de rua. Mas elas mandaram uma mensagem clara — NÃO TENTE PROTESTAR. A investigação do FBI contra ativistas palestinos e que se opõem à guerra, que em setembro resultou em buscas em casas de Minneapolis e Chicago, é uma demonstração do que espera aqueles que desafiam o Newspeak oficial. Os agentes — ou a Polícia do Pensamento — apreenderam telefones, computadores, documentos e outros bens pessoais. Intimações para aparecer no tribunal já foram enviadas a 26 pessoas. As intimações citam leis federais que proíbem “dar apoio material ou recursos para organizações terroristas estrangeiras”. O Terror, mesmo para aqueles que não tem nada a ver com terror, se torna o instrumento usado pelo Big Brother para nos proteger de nós mesmos.
“Você está começando a entender o mundo que estamos criando?”, Orwell escreveu. “É exatamente o oposto daquelas Utopias estúpidas que os velhos reformistas imaginaram. Um mundo de medo, traição e tormento, um mundo em que se atropela e se é atropelado, um mundo que, ao se sofisticar, vai se tornar cada vez mais cruel”.

domingo, 8 de agosto de 2010

A sua imagem e imperfeição


Quando Deus criou o universo, não foi porque se sentia só como muitos poetas e escritores costumam colocar em seus registros, digo isso porque se pensarmos sob essa perspectiva, seria o mesmo que questionar o porquê de não ter criado alguém equivalente em poder ou uma consorte, mesmo se assim o fosse, ainda haveria a disparidade entre criador e criatura.
Alguns mais céticos gostam de colocar em questão o motivo da criação para concluir que Ele criou a humanidade para fins de um joguete cósmico por estar entediado e ao mesmo tempo se reforça de forma colossal e sinérgico o descrédito que se dá às escrituras, assim desmembrando e reduzindo o Criador a um mero ponto de vista de crendice particular, muitas vezes baseados em pseudo-pesquisas ditas cientificas e tomadas como a verdade absoluta movida por controversas que no fim apenas causa confusão.
Conseqüentemente isso nos limita de forma inconsciente ainda mais o nosso conceito de eternidade e infinito, devido a estarmos espiritualmente caídos em um estado penoso e chegarmos ao ponto de sequer pensar em qual seria Seu propósito final se não fosse pela nossa queda. Esta desordem causada em nosso meio fez com que cada um de nós adotássemos um ponto de vista pluralista do que é a verdade, pois todas as crendices e superstições passaram a ser verdades, devido ao conceito de que ela está despedaçada, e seguir um preceito relativista onde ela apenas segue de acordo com o a época vigente.

Em conseqüência disso o individuo abraça conceitos humanistas e gnósticos, em maior ou menor grau no qual indiretamente buscam autonomia e liberdade, através de um processo constante de aprendizagem onde se propõem evolução mental e espiritual, usando de seus próprios critérios para se alcançar esse tipo de “nirvana”.


Esse tipo de filosofia transcedentalista vem sendo difundida por vários meios, desde elementos sutis como livros de auto-ajuda ou esotéricos no qual possuem conteúdos que propõem o melhoramento espiritual e usam como referencia grandes pensadores ou até mesmo as escrituras sagradas para validar estes tipos de sofismas sem que haja nenhuma ligação entre eles e se estende até correntes doutrinárias propagadas em larga escala como a teologia da prosperidade e o pensamento positivo.
Tal sincretismo tendencioso apenas serve para se criar um refugio espiritual no qual estimula o ser a ter fé em sim próprio e não no Criador, que por fim é rebaixado a uma mera substancia de divindade inconsciente que fica a mercê dos caprichos e vontades do ser humano, negando até mesmo o livre arbítrio de outros e de forma subliminar se exaltando como seu próprio deus.

No fim isso acaba por estimular cada um a se prender em sua própria realidade interior baseado em um retalho de pontos de vistas imperfeitos e a própria perfeição absoluta é mitificada como algo aberto a interpretações, resultando na redução do próprio Deus a uma mera referencia simbólica.



Isso faz com que voltemos aos primórdios da criação e refletirmos sobre a tentativa de Lúcifer em tomar o trono dos céus para si em virtude de seu orgulho e que por fim resultou em sua queda junto com a terça parte dos anjos.

Porém ele hoje fez com o homem que foi feito em imagem e perfeição entrasse em declínio com uma simples promessa de algo que ele próprio tentou e falhou ao se rebelar.  Nas escrituras sagradas diz que Lúcifer já está derrotado, porém vale pensar que essa derrota foi nunca ter aquilo que ele tanto almejou e agora aguarda seu julgamento, enquanto isso ele continua vendendo essa idéia falha para o homem que continua ingênuo, ao se auto-proclamar evoluído.
Acredito que deveríamos tomar como exemplo esta parte da história para que este erro não se repita conosco e cairmos no mesmo engano.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Fast-food



Acredito que muitos que vêem acompanhando meus artigos ainda se esquivam do seu conteúdo e ainda não entenderam de fato a mensagem que tento passar, que na verdade devo admitir, tem que ter muito culhão para abrir os olhos para a verdade, pois acredito que é natural para nós ficarmos inconformados e não mais seguirmos alguns estilos de vida quando começamos a enxergar as coisas.

Vou dar um exemplo aqui sobre isso, quando sabemos o processo de fabricação e os componentes usados em um lanche do McDonalds e não estou dizendo sobre o cuspe que o atendente deu quando estava atrás do balcão, estou falando da matéria prima mesmo, a criação do gado, você nunca mais comeria e com toda certeza muitas redes fast-food se fechariam. Poderia até citar sobre a influência das cores vermelho e amarelo em você, mas fugiríamos do foco do assunto.

Mas porque tanta gente que mesmo sabendo das lendas dos fast-foods continuam a financiá-las? Pelo simples fato de que isso não só envolve comercio de comida, mas sim política e logo dinheiro, MUITO dinheiro, então a mídia não vai pra cima pra mostrar isso ao público e você continua a pensar naquele lanche murcho, aguado, requentado e sem graça com aquele refrigerante batizado com água no qual você pagou mais de R$10,00 como se fosse manjar dos deuses olimpianos, e você ainda deve estar pensando, “mas ah! O lanche é mó bom”. 

Claro que o lanche é bom, animal! Se tivesse cheiro e gosto de bosta, você não compraria então a bosta precisa ter pelo menos um cheiro e gosto atraente.

Bom, estendi bastante o exemplo, mas deu para captar, né? Não? Vou explicar de forma mais simples, é a chamada aparência versus realidade , é algo que você sabe e sente, porém, os seus sentidos: visão, olfato, tato, paladar e audição são constantemente enganados, mas e a intuição? Bom, a intuição não é enganada, mas ignorada, pois a cultura pop de hoje diz que isso é coisa de mulherzinha. 

Mas não é!

Sempre sabemos que tem alguma coisa errada, vamos ao ponto onde quero chegar, vamos começar com uma pergunta quais são seus planos de vida? E essa pergunta vai para todas as idades, meu caro leitor, desde que esteja vivo, essa pergunta é pra você (piadinha sem graça, mas calma, eu vou chegar ao ponto). 

Pensou nos seus planos? Sim? Ótimo!

Vamos lá, você pensou em fazer uma boa faculdade e se formar, certo? E depois? Arrumar um bom emprego, crescer na empresa e galgar carreira (a famosa pergunta cretina da retardada da psicóloga do RH, como você se vê daqui a cinco anos?), ta ótimo. Mas e depois? “Ah sei lá, com uma vida financeira estável, já posso pensar em arrumar alguém casar e construir uma família!” (até você meu caro solteiro(a) convicto(a) vai arrumar alguém, não pense que vai escapar).

Bom, até você percebeu que esse plano não é nada original, e sabe muito bem que não é, pois o seu amigo aí do lado tem a mesma coisa em mente ou até já o concretizou, não vai seguir dessa forma que você estabeleceu, relaxa! Tudo isso vai acontecer, porém não necessariamente nesta ordem, vou dar um outro exemplo, você não vai passar quatro ou cinco anos na faculdade enfiado com os livros na cara e a bunda sentada na cadeira até ficar chata e quadrada parecendo uma bisteca. Você vai parar sempre em algum barzinho para tirar um pouco do stress e consequentemente vai conhecer alguém, tá bom, você vai me dizer agora que não bebe e detesta barzinhos ou baladas, pode ser aquela pessoa da sua sala de aula mesmo! 

E pode acontecer de vocês se envolverem e até mesmo se casarem antes de obter a tal estabilidade financeira e profissional, pode até acontecer uma gravidez indesejada nesse processo, é provável que até desista da faculdade por vários motivos, e calma! Você pode achar isso o fim do mundo ou fim de carreira, mas isso é bem mais comum do que se pode imaginar, mesmo que não tenha acontecido com você!

Bom, chegamos aonde eu queria, depois de todas essas metas que você estabeleceu ou vai, com o passar dos anos ela também pode vir aos poucos ou não. Sua vida está estável, uma boa família e um emprego que garanta o seu sustento.

Agora te pergunto novamente, e depois? Vai se aposentar e ver seus netos crescerem e até ajudar seus filhos na educação deles ou passar o resto de sua vida viajando ou até mesmo continuar a trabalhar porque não gosta de ficar parado e assistir televisão o dia todo ou trabalhar mesmo porque do jeito que está à aposentadoria...

Mas e depois? Agora peguei no calo, não é verdade? Ninguém gosta de pensar muito nisso, mas ela é inevitável e vai acontecer, se você nunca pensou no que pode existir do outro lado, como não acredito em reencarnação por ser cristão e nossas crenças aqui não estão em debate e independente disso, sabemos muito pouco da verdade. Mas apenas uma ressalva, deve ser muito triste para alguém que não nutre nenhuma perspectiva de vida após a morte e achar que somos apenas um composto de moléculas feito em uma suruba cósmica. 

Este tipo de perspectiva deve deixar a pessoa frustrada e sem nenhuma motivação para poder concretizar seus planos, pois tudo no fim irá se tornar pó, e isso eu falo de forma literal, mas isso se aplica também a você que aguarda algo além da morte, pois te pergunto novamente.         

Quando foi a última vez que você foi a um velório? 

Pense nisso, quando foi a ultima vez que você foi a um funeral? De quem era? Do seu pai? Da sua mãe? De algum parente, amigo, esposo ou esposa? A última vez que você foi a um funeral e viu aquela pessoa que ria, chorava, era chata ou legal, que você amava ou só tinha consideração. Independente de suas qualidades e defeitos, essa pessoa também tinha planos, assim como os seus. Quando você estava lá, qual foi o comportamento? 

SILÊNCIO!

Por quê? Porque cada um que entrou naquela sala vendo aquela pessoa estirada, a primeira coisa que elas pensaram não foi sobre ela. A primeira coisa que você e os outros pensaram foi que um dia este serei eu.

Se eu disser isso ou não, a realidade pode não mudar. Mas pense nisso. Os humanos sempre repetindo os mesmos erros várias vezes. Chegam aos 50 ou 60, lutando, fazendo intrigas, mentindo, roubando, fornicando, mendigando, trabalhando, não vêem a sua vida passar e são jogados em um buraco no chão. Exatamente o mesmo buraco que um gato cava para esconder a merda dele.

Se isso te fez algum sentido comece a refletir sobre o que vale a pena ou não em sua vida, pois ela passa muito rápido e não percebemos, porque estamos distraídos e ocupados demais para isso, usando o famoso status de estar sempre na “correria”, “trabalhar pra caramba” e constantemente estar com pressa para tudo. Essa é a moda hoje, todos agora acham que nasceram com seis meses, esquecem de aproveitar preciosos momentos e ficam insensíveis ao passar do tempo e logo, suas memórias se baseiam em assuntos corriqueiros. 

Acho que é por isso que meus amigos e colegas de trabalho ficam nervosos comigo, porque sempre gostei de fazer as coisas com calma, prefiro fazer tudo devagar e sem pressa, mesmo porque comer em quinze minutos é inconcebível pra mim, fiz meus nove meses de gestação, tranqüilamente, muito obrigado!
Agora vamos voltar ao exemplo acima sobre o McDonalds, você gasta uma nota para poder comer um lanche que não possui nenhum valor nutricional e é cheio de venenos para o seu corpo, sendo que com esse dinheiro da pra se pagar muito bem um prato com arroz, feijão, mistura e salada, porém é bem mais cômodo comer um lanche rápido porque é o padrão que todos seguem, afinal, todos estão com pressa e isso, não possui nenhuma originalidade. 

Sobre seus planos que também são tendências da moda, não possuem nenhum valor para o seu crescimento intelectual. Você gasta sua vida toda focado nesses objetivos que apenas vão lhe proporcionar, falta de tempo para você e sua família, um belo stress e consequentemente úlcera e queda de cabelo, isso na melhor das hipóteses, suas conversas sempre vão se basear em como foi o trânsito ou sobre o seu serviço, ou aquela baladinha que você fez no fim de semana e beijou mais de três pessoas e ficou bem louco(a).

Lembra o que falei sobre suas obras e sonhos se tornarem pó uns parágrafos acima? Pois bem, agora vamos à realidade, morrer todo mundo vai, porém o que costumamos deixar como legado? Herança? Fotos? Tudo isso morre e se dissipa com o tempo, inclusive as pessoas que te conheceram, e você cai no esquecimento, tudo acaba. No entanto o que devemos fazer durante a nossa existência é fazer nossa vida valer a pena e isso significa não nos resumirmos à modinha do “aproveitar a vida” ou “mereço ser feliz”, isso é apenas válvula de escape que o próprio sistema te oferece para você continuar preso a ele. E fazer você vai aos bons e velhos objetivos vagos novamente.

Essa uma idéia do que significa aparência e realidade, mas isso dificilmente vai ser mostrado para o público em geral, porque envolve política e dinheiro e como falei antes, MUITO dinheiro e não é conveniente para uma empresa que seus funcionários pensem demais e da mesma forma nos mostram como somos semelhantes ao gado que é alimentado com hormônios e antibióticos para ser abatido e virar seu lanche, com uma diferença, você quem tem que correr atrás dos vários componentes ou objetivos, chame do que quiser, para ser abatido no final. 

Mas você tem raciocínio e inteligência o suficiente para observar e ficar inconformado com esse marketing agressivo que constantemente te mostra essas coisas como legais e pode fazer uma escolha, só que isso requer culhão como te falei, é você olhar agora nos seus olhos (use um espelho, cara de parvo) e se perguntar: Será que este sacrifício todo está valendo à pena?

Ou você pode continuar ai na sua mesa de trabalho durante oito horas no qual você se encontra agora ou continuar no seu msn com conversinhas bestas, ignorar esse texto, me achar algum louco frustrado e revoltado com o mundo e continuar com a sua vidinha fast-food, sem nenhuma perspectiva surpreendente, rápida, cômoda, aparentemente gostosa e cheirosa, porém murcha, sem graça e descartável.         

Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. 
E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.  Dalai Lama 

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sociedade animalizada

“Ninguém mudaria esse animal que me tornei, me ajude a acreditar que isso não é realmente eu, alguém me ajude a domar esse animal” (Three Days Grace – Animal I have become)




Como disse anteriormente em “Liberdade desplugada” a gama de informações sem nenhum valor cultural que estamos recebendo por instituições mal intencionadas também gera um outro efeito alienador que diminui nossos conceitos sobre nós mesmos e para isso devemos entender um dos efeitos que este mecanismo produz sobre nós.

Gostaria de começar o nosso tema com uma personalidade muito influente e de como suas idéias vem afetando a nossa sociedade, pois é também o ponto inicial e a base do assunto que proponho. Todos nós já ouvimos falar de Charles Darwin e seu livro A origem das espécies ao qual aparece o conceito de seleção natural e sugere que somos uma espécie que evoluiu do macaco que predominou como o predador supremo do planeta Terra.

Acredito que assim que ele, como muitos cientistas, tentaram explicar como o mundo se originou, uma das informações que assimilamos subliminarmente foi a de que os seres humanos, assim como todos os seres vivos, meras casualidades da natureza e nós seriamos os vencedores na corrida pelo topo da cadeia alimentar e assim acreditar que as outras espécies somente existem para nos prover comida e serem exterminadas.

Então podemos dizer que a evolução bateu em um teto e estagnou? Quais são os efeitos negativos que esta idéia difundida em escolas de forma inquestionável que miniminiza e descarta todo e qualquer aprofundamento de autoconsciência e como isso influencia na formação do caráter de nossa sociedade?

Gostaria de expor algumas das conseqüências que o sistema usa para a contribuição da redução e inibição dos nossos conceitos. A exploração dos instintos primitivos existente em nós, e como isso acaba nos limitando a meros animais sem sentimento de perda exceto a mão que os alimenta.

Banalização do sexo

"Uma atriz não é uma máquina, mas eles te tratam como se fosse. Uma máquina de fazer dinheiro". Marilyn Monroe

Um dos pontos principais do nosso atual sistema econômico é tornar tudo em produto, até mesmo a sexualidade que há muito, deixou de ser um assunto tratado a sete chaves. Cada vez mais, cenas picantes estão no ar e a pornografia mais acessível, devido a falta de bom senso dos meios de comunicação.

A idéia de tornar o sexo como produto de venda se tornou um bom sinal e isso também induziu a nossa sociedade a crer que isso seria um seria um sinal de liberdade e assim nos livrarmos dos nossos critérios morais ao libertar desejos induzidos e que acreditamos que são nossos. Colocando assim o senso de castidade e discrição como elementos repressivos de épocas mais remotas.

Não critico a abordagem no assunto, porque contribuiu para a quebra de certos tabus no quesito informativo e educacional, mas por outro lado a competitividade entre emissoras de TV e editoras de revistas que o usa para despertar a sexualidade em crianças e assim fazendo as crescerem e desvalorizem outras pessoas integralmente as vendo apenas como objeto de desejo.

"Ser um símbolo sexual é muita responsabilidade, especialmente quando se está cansada, magoada e vulnerável". Marilyn Monroe

Banalização da violência

A morte de um é uma tragédia, mas a morte de milhões é apenas uma estatística”. (Marilyn Manson)

A questão do crescimento da violência urbana (e, por conseqüência, do alto índice de homicídios) é por demais complexa, pois exige muita reflexão e procura dos elementos que perdemos devido ao fato de sermos aos poucos induzidos à falta de sensibilidade.

Diante do alto índice de mortes, estupros e assaltos apresentados pelos jornais e até mesmo em filmes que de tempos mostra com uma ousadia cada vez maior cenas de mutilação, assassinatos a sangue frio muitas vezes por parte do protagonista e assim induzindo o ser humano a sofrer de uma carência absurda de comoção para com o próximo. O cérebro desvia o ato de se comover a uma desculpa muito comum “são apenas estranhos ou personagens”, conseqüentemente isso reflete ao conceito de família e amigos, pois o cérebro ameniza a dor da perda devido à repetição destes tipos de informações, pois um fato é associado a outro, é tudo uma questão de proximidade e assim o valor da vida humana é relativizado.

Mas seria também inútil à busca de "culpados", de "bodes expiatórios" a quem se pudesse atribuir a responsabilidade por tal situação. Os meios de comunicação e a opinião pública, muitas vezes de maneira superficial e reducionista, atribuem esse crescimento da violência simplesmente a fatores de ordem sociológica (a desumanidade das metrópoles; o choque de valores decorrente da migração urbana; etc.), econômica (o desemprego e a pobreza), ou jurídica (a ineficácia das leis; a ineficiência da polícia; a lentidão do Poder Judiciário e do Ministério Público, por exemplo). Todavia, nenhum destes fatores, isoladamente considerado, pode justificar uma elevação tão grande do índice de homicídios.

Percebe-se também que hoje em dia há um distanciamento maior entre as pessoas, mesmo com todos os aparatos tecnológicos dos quais desfrutamos nos dias de hoje que teoricamente teria como função nos aproximar, mas apenas deixou o mundo menor. Em virtude deste distanciamento do calor humano, muitos de nós regredimos a uma condição isolacionista que acaba por gerar uma intolerância a qualquer tipo de organismo vivo similar a você, redefinindo nossos conceitos sobre o amor ao próximo.

“Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos haverá guerra”. (Bob Marley)

Conclusão

Em Política, Arístoteles define as características que o homem necessita para tornar-se humano, uma delas é a de que apesar do homem ser racional, ele age de uma forma diferente do animal, destacando a sua inteligência e comportamento. O homem tem inteligência, consciência e capacidade para analisar seus atos, executar suas tarefas, planejar suas atividades e colocá-las em prática. O homem é um ser surpreendente, sua mudança é constante, seus hábitos, crenças, costumes e culturas; a palavra “razão” é o que predomina em seu vocabulário.

Outras características que nos difere dos animais são a de que nós enterramos os nossos mortos e também sentimos falta de nossos entes queridos, temos apego por pessoas amadas, mas em virtude destes dois fatores citados acima, nossos valores acabam se resumindo em apenas exercermos o ritual fúnebre e a repartição de bens. Passamos a amar mais as coisas do que as pessoas, sendo que isso foge à nossa natureza e gera um desequilíbrio em todos os sentidos, pois não fomos criados para amar obras e sim o nosso próximo e todos os seres vivos como iguais.

Podemos dizer que decaímos muitos níveis em virtude destes elementos apresentados, e que passamos a ser apenas animais civilizados e domesticados, porque nossas preocupações passaram a ser em sobreviver (digo isso devido ao conceito viver também estar quase escasso), procriar, se alimentar, seguir uma lógica sem questionamentos e no fim morrer. Muitas pessoas percebem que isso está acontecendo, mas como você e eu, fazemos parte das grandes massas, somos tratados da mesma forma, somos apenas gado de corte, sugado e descartado pelas grandes empresas.

O ser humano gradativamente está sendo reduzido a um novo tipo de espécie que eu chamaria de “bípedes sem penas” como Aristóteles classificou, devido a perca das características que necessitamos para nos definirmos como seres humanos. Para termos uma idéia disso vou colocar os animais como seres irracionais, por mais que possamos pensar que são seres livres, realizam seus atos movidos pelas suas sensações, pelos apetites e pelo instinto natural, para um fim de que eles mesmos ignoram e cujas conseqüências não conseguem nunca prever. Os animais não visam um conhecimento para o futuro, mas vive a realidade do momento, se expressam de uma maneira natural para a vida.

Diferente dos animais esta nova espécie que vem sendo criada, não realiza seus atos motivados pelas sensações, constantemente somos motivados a seguir a idéia de sobrepujarmos o nosso eu e nos desarraigarmos aos poucos dos nossos instintos naturais e seguirmos uma programação que está sendo implantada e auto-implantada aos poucos em nós e por nós. Quando uso o termo adestrado, significa que não estamos mais visando autoconhecimento, mas apenas seguimos um roteiro que gradativamente nos desliga de nossos “eus” e faz regredir a nossa condição humana para uma nova espécie pseudo-pensante, mas sem ter uma avaliação de si próprio, do mundo que o cerca, sem este entendimento não há o que almejar e fazendo assim a ambição não mais ser necessária e consequentemente descartada.

Com esta mera definição posso dizer que nosso caminho não é diferente para se chegar ao nível deles, com uma diferença, estamos programando o nosso subconsciente de forma consciente a seguir um roteiro pré-definido por um sistema socioeconômico e cultural que foi criado por pensadores boêmios e aristocratas e que vem sofrendo adaptações com o passar dos anos por intermédio dos nossos governantes que também estão adaptados a este pensamento.


Ou podemos também pensar que estas mudanças em nossa sociedade estão acontecendo de forma natural e que estamos migrando para um próximo estágio de evolução ideológica onde todo o organismo vivo também está sofrendo devido a fazer parte deste processo natural. 

Mas também podemos colocar aqui a existência de um pequeno grupo entusiasta pela lei do mais forte, então tenha em mente que o racionalismo cientifico sempre tem sido atrativo para a tirania das elites, porque cria uma justificativa conveniente para tratar seus semelhantes como se fossem animais inferiores.

Que é o que citei acima sobre olhar para outras espécies como algo a apenas prover alimentos e mão de obra. Os mecanismos que são usados para nos manterem distraídos e fazer com que nossos esforços sejam unicamente para nos integrarmos ao sistema e sermos aos poucos a gado.

Essa idéia de corrida pela evolução é levada a sério por este seleto grupo de forma que usem dos artifícios já citados em outros artigos para regredir a sociedade aos poucos. Alguns dos resultados que podemos perceber são a conivência com as condições subumanas maquiadas na qual vivemos hoje em dia ou quando abrimos mão do que é bom ao forçarmos a nossa consciência a se adaptar a um conceito adotado como certo e isto faz com que percamos o senso de nós mesmos e nossa essência humana é estrangulada aos poucos.

Não acredito que a teoria da evolução foi um sucesso, pois ela constantemente vem sendo refutada em termos científicos, mas ela deixou um legado de caráter filosófico onde a lei do mais apto apenas muda de roupagem com o passar dos tempos.

O capitalismo triunfante nos deixa à vontade para liberar nossos instintos racistas, elitistas, macartistas e todo gênero de preconceitos contra tudo e contra todos e, supostamente, a favor de nós mesmos, de nossas boas condições de vida, nossa domesticidade, o carinho de nosso lar e a desconfiança de todos nossos amigos”. Rachel Nunes

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Você é livre?

"As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos." Malcolm X

Você se considera livre? O quanto você valoriza sua liberdade? E se eu lhe contasse que essa liberdade que tanto preza é na verdade uma ilusão? Que esta falsa sensação de ser livre foi algo que o próprio sistema criou para te desviar do caminho e assim inibindo a sua visão?

Como vimos no ensaio “Quero minha visão de volta” percebemos que as massas são manipuladas e condicionadas a aceitar valores impostos através da mídia, religião e ensino que são fatores externos para que nos façam crer que temos autonomia, sendo que na verdade o contrário prevalece, colocando empecilhos em nossa busca pelo aprofundamento da consciência.

Vamos entender melhor como funcionam estes mecanismos retardatários cujo nos aprisionam:

Mídia: Controla, filtra, muda, desvia e acoberta toda a informação, além disso, levanta e derruba presidentes, reis, ministros, governadores, etc. Normalmente se diz que a mídia é o 4° (quarto) poder, mas passou a ser o primeiro exatamente por dominar a opinião pública. 

O quarto poder é uma expressão criada para qualificar, de modo livre, o poder da mídia ou do jornalismo em alusão aos outros três poderes típicos do Estado democrático (Legislativo, Executivo e Judiciário).

Essa expressão refere-se ao poder da mídia quanto a sua capacidade de manipular a opinião pública, a ponto de ditar regras de comportamento e influir nas escolhas dos indivíduos e por fim da própria sociedade.
No Brasil, por exemplo, já é possível perceber que a sociedade, em muitas situações, já confia mais nessa instituição do que nos 03 (três) poderes do Estado.

"Vox populi, vox Dei" ("A voz do povo é a voz de Deus")

Entretenimento: Composta por formadores de opinião, como atores, cantores, atletas de renome e personagens fictícios, etc. Geralmente são capazes de influenciar uma massa de pessoas a concordarem com uma determinada conduta, seja ela de consumo, ideologia ou valores.

Geralmente quando uma determinada marca de roupa é usada por um atleta, a imagem do atleta esta sendo associada à marca e usada como formadora de opinião para que outras pessoas passem a usar aquela marca ou ao nos depararmos com certos tipos de comportamento ou linguajar vulgares que julgamos “cool” ao vermos uma determinada celebridade utilizar.

Não é por acaso que hoje vemos uma enorme massificação de imbecilidade, no qual é considerado como algo bom.

Mensagem subliminar: é a definição usada para o tipo de mensagem que não pode ser captada diretamente pelos sentidos humanos. Subliminar é tudo aquilo que está abaixo do limiar, a menor sensação detectável conscientemente. Importante destacar que existem mensagens que estão abaixo da capacidade de detecção humana - essas mensagens são imperceptíveis, não devendo ser consideradas como subliminares. Toda mensagem subliminar pode ser dividida em duas características básicas, o seu grau de percepção e de persuasão.
A percepção subliminar é a capacidade do ser humano de captar de forma inconsciente mensagens ou estímulos fracos demais para provocar uma resposta consciente. Segundo a hipótese, o subconsciente é capaz de perceber, interpretar e guardar uma quantidade muito maior de dados que o consciente. Como exemplo, imagens que possuem um tempo de exposição pequeno demais para serem percebidas conscientemente, ou sons baixos demais para serem claramente identificados. Dados que passariam despercebidos pela mente consciente seriam na verdade interpretados e guardados.

A persuasão subliminar seria a capacidade que uma mensagem teria de influenciar o receptor. Segundo a hipótese, toda mensagem subliminar tem um determinado grau de persuasão, e pode vir a influenciar tanto as vontades de uma forma imediata (fazendo, por exemplo, uma pessoa sentir vontade de beber ou comer algo), como até mesmo a personalidade ou gostos pessoais de alguém a longo prazo (mudando o seu comportamento, transformando uma pessoa tímida em extrovertida). Esse grau de persuasão deveria variar de acordo com o tempo de exposição à mensagem, e a personalidade do receptor.

“Porque influenciar uma pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de Ter idéias próprias, de vibrar com suas paixões naturais. As suas qualidades não são verdadeiras. Os seus pecados, se é que existe o que se chama pecado, vêm-lhe de outrem. Essa pessoa torna-se o eco da música de outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito por ela”. (Lord Henry Wotton)

Ensino: Acredito que aqui não há a necessidade de analisarmos tão profundamente o quão péssima é a qualidade do nosso ensino, onde dificilmente nos orienta a construir uma análise critica sobre o mundo. Mesmo institutos de ensino particular vêm decaindo de forma gradativa a cada geração que passa.

O que as pessoas costumam usar como forma de argumento é de que não corremos atrás de conhecimento, parcialmente é verdade, mas também há de refletirmos que o nível de desmotivação por ambas as partes, professor e aluno, cooperam para que formemos cada vez mais pessoas robotizadas, manipuláveis e mentalmente preguiçosas.

Digo isso porque alunos têm o senso da rebeldia somado a influência da TV (pois sempre o personagem principal não gosta de estudar) e professores que não tem preparação ou ânimo em virtude do baixo salário e assim não elaboram atividades mais complexas exatamente por não haver mais reprovação nas instituições publicas. Sendo assim o senso de desafio se dissipa.

“Mas há uma razão, uma boa razão para isso, e a razão que a educação é uma porcaria é a mesma para que ela nunca seja consertada. Ela nunca vai melhorar, não olhe pra frente, se contente com aquilo que você tem”. (George Carlin)

Religião: Em virtude da banalização das leis divinas pelos citados acima, a desorientação das pessoas cresceram e muito das ultimas décadas para cá, em virtude de certas instituições agregarem dogmas e rituais que contradizem a palavra, causando desinteresse e divisão por toda e qualquer denominação monoteísta. Por exemplo, quantos de nós de fato ouvimos o que a Bíblia, Torah ou Alcorão nos dizem? Infelizmente, algumas instituições buscam a palavra do homem ao invés da escrituras, e geralmente são palavras ou hábitos que contradizem com o que está escrito, podemos perceber como o número de sacerdotes que se santifica vem crescendo nestes últimos tempos.

E assim estereotipando cristãos, mulçumanos e judeus, como tradições cegas e fanáticas por pessoas mal orientadas ou mal intencionadas, criando assim uma idéia onde associemos estas instituições como detentores da palavra de um Deus limitador para o espírito, a carne e a mente devido as restrições que cada um exige, nos fazendo entender que isto seria um cabresto. Logo fazendo com que as pessoas busquem uma forma não conveniente para alimentar a sua ânsia por conforto espiritual, como por exemplo, o esoterismo, religiões politeístas e religiões da nova era, magia negra ou branca, consulta aos mortos, etc. Vivemos numa época em que pessoas querem misturar o conteúdo de muitas fés místicas no caldeirão da sua própria religião pseudo-cristã.

Essa grande busca pelo misticismo doutrinário vem desvirtuando mais e mais as grandes massas que estão acomodadas a um estilo de vida sem propósitos e mesmo assim temem ler as escrituras por medo do que possam encontrar e descobrir que toda a sua a vida é uma grande fábula dada pelo sistema. Uma das maiores ironias que sempre ouço é de que todas estas escrituras foram trabalhos do homem, porém estes tipos de pessoas carentes de entendimento recorrem à "Best-Sellers como o Código Da Vinci, A Cabana, O ultimo templário e entre outros como teorias válidas.

Hoje em dia vejo pessoas arrumando formulas miraculosas e confortáveis de salvação, mas somente o único verdadeiro e vivo Deus/Alláh deve receber louvor. Sim, há outros poderes espirituais, mas esses poderes levam ao desespero, morte e destruição.

Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? Isaías 8:19

Mercado de trabalho: Outra ferramenta que inibe a nossa visão e nos subjuga por intermédio do medo de passarmos fome, desconforto, simplesmente por estarmos atrelados a dividas, resumindo melhor, perdermos o nosso direito das necessidades básicas. Infelizmente crescemos sob uma cultura colonialista e desumana onde o individuo é submisso de forma inquestionável ao seu chefe e também nos submetermos à lei da selva: Matar ou morrer, acabando por si só com o conceito de amor ao próximo por ambas as partes, devido ao estimulo a competitividade e a disputa por um cargo melhor.

“Eles não querem pessoas espertas ao ponto de sentar ao redor do balcão de uma cozinha e não pensarem o quanto isso é ruim e como eles não davam a mínima por um assistente numa lanchonete 30 anos atrás. Sabem o que eles querem? Trabalhadores obedientes. Pessoas que são espertas apenas para controlar uma máquina e anotar um pedido e burras para aceitar todas as porcarias aumentando como salários baixos, aumento na jornada, redução de benefícios, horas extras não remuneradas e o desaparecimento da seguridade quando você retirá-la”.  (George Carlin)

Claro que algumas pessoas podem se ofender ao lerem esta parte por estar em conformidade com esta filosofia esdrúxula do capitalismo. Mas encare os fatos e pense no que você acabou se tornando ao trabalhar de domingo a domingo, se desfazer do conceito do que é família, um divórcio ou pior seu dinheiro investido em um curso que lhe renda um emprego de acordo com as tendências e não aquilo que você de fato gosta, sem mencionar se pode dar certo ou não.

Vai me dizer que você nunca pensou em ser um ator, cantor, historiador, teólogo, filósofo, jornalista, médico e por ai vai? Mas não se frustre, pois o problema não é você, mas sim aqueles que elitizaram estas formações para um grupo seleto auto-sustentável do qual não fazemos parte.

Conclusão (por enquanto)

Agora acredito que você percebeu mais a fundo como estes mecanismos operam em nossa vida e nos iludem com artifícios que retardam o nosso intelecto e o que está a nossa volta, quando disse no começo que o sistema nos faz crer que apenas joguetes nas mãos de Deus/Allah ou Lúcifer/Shaitan, e pra qual plano sabe-se lá o que, mas depois de refletir muito, observar as pessoas, cheguei a uma conclusão. Não há manipulação por parte de Deus, por isso temos o livre arbítrio de escolher se devemos segui-lo, a única coisa que de fato Ele pede é obediência, mas qual pai que não exige isso? A obediência consiste exatamente para não sermos manipulados por paixões terrenas e influências externas e sermos prisioneiros de nossa própria mente.

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigo” (Jo. 15: 15)

Nesse caso também existe um propósito para isso, nesse caso só Deus/Allah sabe, mas eu posso especular para não te deixar com uma idéia vaga, o que é o ser humano sem regras de moral e boa conduta? É só observarmos as atrocidades que aconteceram ao longo da história e estão acontecendo neste exato momento.

Sempre existirão pessoas mais esclarecidas e que são ridicularizadas por terem idéias diferentes e claro que desagrada o sistema, em menor parte das vezes são até admiradas, mas não causam inspiração suficiente para serem seguidas devido ao medo de tentarmos sermos nós mesmos.

Podemos concluir que o ser humano foi reduzido a uma mera fonte receptora de informações implantadas de forma mal intencionada por eles e que faz parecer que não temos escolhas senão aquelas que o sistema nos limitou, mas não se desespere. Cada uma dessas escolhas deve ser encarada como um caminho a ser seguido. A sua individualidade mora na idéia de abrir mais caminhos para poder seguir e entender a sua complexidade. Onde há liberdade, há escolha. Qual a sua?

Hoje cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo.