Como disse anteriormente em “Liberdade desplugada” a gama de informações sem nenhum valor cultural que estamos recebendo por instituições mal intencionadas também gera um outro efeito alienador que diminui nossos conceitos sobre nós mesmos e para isso devemos entender um dos efeitos que este mecanismo produz sobre nós.
Gostaria de começar o nosso tema com uma personalidade muito influente e de como suas idéias vem afetando a nossa sociedade, pois é também o ponto inicial e a base do assunto que proponho. Todos nós já ouvimos falar de Charles Darwin e seu livro “A origem das espécies” ao qual aparece o conceito de seleção natural e sugere que somos uma espécie que evoluiu do macaco que predominou como o predador supremo do planeta Terra.
Acredito que assim que ele, como muitos cientistas, tentaram explicar como o mundo se originou, uma das informações que assimilamos subliminarmente foi a de que os seres humanos, assim como todos os seres vivos, meras casualidades da natureza e nós seriamos os vencedores na corrida pelo topo da cadeia alimentar e assim acreditar que as outras espécies somente existem para nos prover comida e serem exterminadas.
Então podemos dizer que a evolução bateu em um teto e estagnou? Quais são os efeitos negativos que esta idéia difundida em escolas de forma inquestionável que miniminiza e descarta todo e qualquer aprofundamento de autoconsciência e como isso influencia na formação do caráter de nossa sociedade?
Gostaria de expor algumas das conseqüências que o sistema usa para a contribuição da redução e inibição dos nossos conceitos. A exploração dos instintos primitivos existente em nós, e como isso acaba nos limitando a meros animais sem sentimento de perda exceto a mão que os alimenta.
Banalização do sexo
"Uma atriz não é uma máquina, mas eles te tratam como se fosse. Uma máquina de fazer dinheiro". Marilyn Monroe
Um dos pontos principais do nosso atual sistema econômico é tornar tudo em produto, até mesmo a sexualidade que há muito, deixou de ser um assunto tratado a sete chaves. Cada vez mais, cenas picantes estão no ar e a pornografia mais acessível, devido a falta de bom senso dos meios de comunicação.
A idéia de tornar o sexo como produto de venda se tornou um bom sinal e isso também induziu a nossa sociedade a crer que isso seria um seria um sinal de liberdade e assim nos livrarmos dos nossos critérios morais ao libertar desejos induzidos e que acreditamos que são nossos. Colocando assim o senso de castidade e discrição como elementos repressivos de épocas mais remotas.
Não critico a abordagem no assunto, porque contribuiu para a quebra de certos tabus no quesito informativo e educacional, mas por outro lado a competitividade entre emissoras de TV e editoras de revistas que o usa para despertar a sexualidade em crianças e assim fazendo as crescerem e desvalorizem outras pessoas integralmente as vendo apenas como objeto de desejo.
"Ser um símbolo sexual é muita responsabilidade, especialmente quando se está cansada, magoada e vulnerável". Marilyn Monroe
Banalização da violência
“A morte de um é uma tragédia, mas a morte de milhões é apenas uma estatística”. (Marilyn Manson)
A questão do crescimento da violência urbana (e, por conseqüência, do alto índice de homicídios) é por demais complexa, pois exige muita reflexão e procura dos elementos que perdemos devido ao fato de sermos aos poucos induzidos à falta de sensibilidade.
Diante do alto índice de mortes, estupros e assaltos apresentados pelos jornais e até mesmo em filmes que de tempos mostra com uma ousadia cada vez maior cenas de mutilação, assassinatos a sangue frio muitas vezes por parte do protagonista e assim induzindo o ser humano a sofrer de uma carência absurda de comoção para com o próximo. O cérebro desvia o ato de se comover a uma desculpa muito comum “são apenas estranhos ou personagens”, conseqüentemente isso reflete ao conceito de família e amigos, pois o cérebro ameniza a dor da perda devido à repetição destes tipos de informações, pois um fato é associado a outro, é tudo uma questão de proximidade e assim o valor da vida humana é relativizado.
Mas seria também inútil à busca de "culpados", de "bodes expiatórios" a quem se pudesse atribuir a responsabilidade por tal situação. Os meios de comunicação e a opinião pública, muitas vezes de maneira superficial e reducionista, atribuem esse crescimento da violência simplesmente a fatores de ordem sociológica (a desumanidade das metrópoles; o choque de valores decorrente da migração urbana; etc.), econômica (o desemprego e a pobreza), ou jurídica (a ineficácia das leis; a ineficiência da polícia; a lentidão do Poder Judiciário e do Ministério Público, por exemplo). Todavia, nenhum destes fatores, isoladamente considerado, pode justificar uma elevação tão grande do índice de homicídios.
Percebe-se também que hoje em dia há um distanciamento maior entre as pessoas, mesmo com todos os aparatos tecnológicos dos quais desfrutamos nos dias de hoje que teoricamente teria como função nos aproximar, mas apenas deixou o mundo menor. Em virtude deste distanciamento do calor humano, muitos de nós regredimos a uma condição isolacionista que acaba por gerar uma intolerância a qualquer tipo de organismo vivo similar a você, redefinindo nossos conceitos sobre o amor ao próximo.
“Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos haverá guerra”. (Bob Marley)
Conclusão
Em Política, Arístoteles define as características que o homem necessita para tornar-se humano, uma delas é a de que apesar do homem ser racional, ele age de uma forma diferente do animal, destacando a sua inteligência e comportamento. O homem tem inteligência, consciência e capacidade para analisar seus atos, executar suas tarefas, planejar suas atividades e colocá-las em prática. O homem é um ser surpreendente, sua mudança é constante, seus hábitos, crenças, costumes e culturas; a palavra “razão” é o que predomina em seu vocabulário.
Outras características que nos difere dos animais são a de que nós enterramos os nossos mortos e também sentimos falta de nossos entes queridos, temos apego por pessoas amadas, mas em virtude destes dois fatores citados acima, nossos valores acabam se resumindo em apenas exercermos o ritual fúnebre e a repartição de bens. Passamos a amar mais as coisas do que as pessoas, sendo que isso foge à nossa natureza e gera um desequilíbrio em todos os sentidos, pois não fomos criados para amar obras e sim o nosso próximo e todos os seres vivos como iguais.
Podemos dizer que decaímos muitos níveis em virtude destes elementos apresentados, e que passamos a ser apenas animais civilizados e domesticados, porque nossas preocupações passaram a ser em sobreviver (digo isso devido ao conceito viver também estar quase escasso), procriar, se alimentar, seguir uma lógica sem questionamentos e no fim morrer. Muitas pessoas percebem que isso está acontecendo, mas como você e eu, fazemos parte das grandes massas, somos tratados da mesma forma, somos apenas gado de corte, sugado e descartado pelas grandes empresas.
O ser humano gradativamente está sendo reduzido a um novo tipo de espécie que eu chamaria de “bípedes sem penas” como Aristóteles classificou, devido a perca das características que necessitamos para nos definirmos como seres humanos. Para termos uma idéia disso vou colocar os animais como seres irracionais, por mais que possamos pensar que são seres livres, realizam seus atos movidos pelas suas sensações, pelos apetites e pelo instinto natural, para um fim de que eles mesmos ignoram e cujas conseqüências não conseguem nunca prever. Os animais não visam um conhecimento para o futuro, mas vive a realidade do momento, se expressam de uma maneira natural para a vida.
Diferente dos animais esta nova espécie que vem sendo criada, não realiza seus atos motivados pelas sensações, constantemente somos motivados a seguir a idéia de sobrepujarmos o nosso eu e nos desarraigarmos aos poucos dos nossos instintos naturais e seguirmos uma programação que está sendo implantada e auto-implantada aos poucos em nós e por nós. Quando uso o termo adestrado, significa que não estamos mais visando autoconhecimento, mas apenas seguimos um roteiro que gradativamente nos desliga de nossos “eus” e faz regredir a nossa condição humana para uma nova espécie pseudo-pensante, mas sem ter uma avaliação de si próprio, do mundo que o cerca, sem este entendimento não há o que almejar e fazendo assim a ambição não mais ser necessária e consequentemente descartada.
Com esta mera definição posso dizer que nosso caminho não é diferente para se chegar ao nível deles, com uma diferença, estamos programando o nosso subconsciente de forma consciente a seguir um roteiro pré-definido por um sistema socioeconômico e cultural que foi criado por pensadores boêmios e aristocratas e que vem sofrendo adaptações com o passar dos anos por intermédio dos nossos governantes que também estão adaptados a este pensamento.
Ou podemos também pensar que estas mudanças em nossa sociedade estão acontecendo de forma natural e que estamos migrando para um próximo estágio de evolução ideológica onde todo o organismo vivo também está sofrendo devido a fazer parte deste processo natural.
Mas também podemos colocar aqui a existência de um pequeno grupo entusiasta pela lei do mais forte, então tenha em mente que o racionalismo cientifico sempre tem sido atrativo para a tirania das elites, porque cria uma justificativa conveniente para tratar seus semelhantes como se fossem animais inferiores.
Que é o que citei acima sobre olhar para outras espécies como algo a apenas prover alimentos e mão de obra. Os mecanismos que são usados para nos manterem distraídos e fazer com que nossos esforços sejam unicamente para nos integrarmos ao sistema e sermos aos poucos a gado.
Essa idéia de corrida pela evolução é levada a sério por este seleto grupo de forma que usem dos artifícios já citados em outros artigos para regredir a sociedade aos poucos. Alguns dos resultados que podemos perceber são a conivência com as condições subumanas maquiadas na qual vivemos hoje em dia ou quando abrimos mão do que é bom ao forçarmos a nossa consciência a se adaptar a um conceito adotado como certo e isto faz com que percamos o senso de nós mesmos e nossa essência humana é estrangulada aos poucos.
Não acredito que a teoria da evolução foi um sucesso, pois ela constantemente vem sendo refutada em termos científicos, mas ela deixou um legado de caráter filosófico onde a lei do mais apto apenas muda de roupagem com o passar dos tempos.
“O capitalismo triunfante nos deixa à vontade para liberar nossos instintos racistas, elitistas, macartistas e todo gênero de preconceitos contra tudo e contra todos e, supostamente, a favor de nós mesmos, de nossas boas condições de vida, nossa domesticidade, o carinho de nosso lar e a desconfiança de todos nossos amigos”. Rachel Nunes
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